Na pandemia, Curitiba tem o menor número de acidentes com aranha-marrom em 28 anos
20/01/2020
Curitiba registrou 472 acidentes com aranha-marrom em 2020, o menor número dos últimos 28 anos, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba. Em 2019, por exemplo, foram 848 acidentes provocados pelo aracnídeo na capital.
A queda significativa pode ter relação direta com a pandemia da covid-19. “Como as pessoas estão ficando mais em casa, aumentam os cuidados com a limpeza, que é a forma mais eficaz de prevenção”, diz Marcelo Vettorello, biólogo do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba.
Em 1993, a notificação dos acidentes com arranha-marrom se tornou obrigatória no país. Neste ano, Curitiba registrou 1.852 casos de picadas, e no início dos anos 2000, a cidade teve um aumento muito grande de casos, com mais de 3 mil registros.
Depois, com mais informações e cuidados da população, os casos confirmados de acidentes com aranha-marrom foram diminuindo ao longo dos anos, mas a cidade é ainda uma das capitais com maior registro de acidentes com o aracnídeo.
A aranha-marrom, um animal pequeno mas que esconde um veneno muito potente, é bastante comum na região Sul do país. O calor é o período com maior incidência de picadas pois o tempo quente favorece a circulação dos animais pelos ambientes em busca de alimento e de parceiros para reprodução.
Durantes essas “saídas” a aranha-marrom acaba entrando em roupas, calçados, roupas de cama e de banho, e outros objetos onde pode encontrar abrigo. Essas aranhas não são agressivas e só picam como uma atitude de defesa quando se sentem ameaçadas. Os acidentes normalmente ocorrem quando a aranha-marrom é prensada contra o corpo, por exemplo, quando uma pessoa está se vestindo.
Aspirador de pó e lagartixa
Como a aranha-marrom gosta de lugares secos e escuros como frestas, rodapés, atrás de móveis e outros, é importante manter a limpeza da casa, especialmente com aspirador de pó. “Também é imporante não matar lagartixas, que além de não oferecerem nenhum risco às pessoas, são excelentes predadores de aranhas”, afirma o biólogo da Secretaria Municipal da Saúde.
Produtos químicos, como inseticidas, não são indicados para o controle da aranha-marrom. “Além de não ter o efeito desejado, pode ter o agravante de matar as lagartixas do ambiente e causar ainda mais descontrole".
Além disso, segundo o biólogo, o uso indiscriminado de produtos químicos pode aumentar a resistência de várias espécies de insetos (como o mosquito da dengue) e causar sérias intoxicações nas pessoas e animais domésticos.
Como identificar a picada de aranha-marrom
De início, a picada da aranha-marrom não dói e os sintomas começam a aparecer depois de 6 horas, podendo evoluir para casos mais graves em 72 horas.
O ardor no local, seguido de inchaço e vermelhidão são os indicativos mais fortes de que você foi picado por uma aranha-marrom. Se não houver tratamento, pode evoluir para uma lesão que leva muito tempo para cicatrizar, exigindo, às vezes, até um enxerto de pele.
O que fazer
Aos primeiros sinais da picada, a pessoa deve lavar bem o local do ferimento e procurar atendimento numa Unidade de Saúde e se possível, levar junto a aranha para a identificação, auxiliando assim o diagnóstico. A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba tem protocolo específico para identificar os casos e aplicação dos procedimentos.
Quanto antes for feito o diagnóstico, melhor vai ser a evolução do quadro, com a medicação adequada, lembrando que somente os casos classificados como graves e com evolução de até 36 horas têm indicação da utilização do soro antiaracnídico.
O que não fazer
É importante não manusear nem espremer a lesão. A pessoa picada pela arranha-marrom também deve evitar praticar atividades físicas e não se expor ao sol, banhos quentes ou outra forma de exposição ao calor. Também não deve aplicar nenhum tipo de remédio ou produtos caseiros sem indicação médica, pois a lesão pode infeccionar, agravando ainda mais o caso e prolongando o período de recuperação.
Registros de acidentes com aranha-marrom em Curitiba por ano
2000 – 1.764
2001 – 3.064
2002 – 3.152
2003 – 3.680
2004 – 3.744
2005 – 2.335
2006 – 2.488
2007 – 2.904
2008 – 2.036
2009 – 2.171
2010 – 1.657
2011 – 1.347
2012 – 953
2013 – 935
2014 – 809
2015 – 806
2016 – 733
2017 – 1.202
2018 – 986
2019 – 848
2020 - 472
Fonte: Bem Paraná